terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que é o amor do casamento

Em uma conversa corriqueira, caímos, inevitavelmente na oposição amor e ódio. Resolvemos tentar separar de alguma forma as duas coisas.

Dizem que amor mau ou não correspondido se transforma em ódio. A palavra ódio, aqui, pode ser substituída por mágoa ou amargura. Mas o que é correspondência no amor ?

Um filme, no passado, corrompeu o sentido do amor. Em "Love Story", a atriz, em certo momento diz:

"Amar é nunca ter que pedir perdão !"

Se pararmos para pensar que justamente a mensagem de Jesus fala sobre perdão de pecados por parte de nada menos do que o Deus do Universo, vemos os enganos que existem nos conceitos de Hollywood. Perdão é fundamental nas nossas vidas.

Se alguém casar e esperar a primeira oportunidade de aparecimento de uma situação que exija perdão, e por isto se separar, tal situação não vai demorar mais do que duas semanas, mesmo com o período de paixão que marca o início do casamento.

A correspondência é um balanço equilibrado entre PROCURAR e SER PROCURADO.

O conhecimento mútuo

A interação do casal é semelhante à interação de uma pessoa com o seu trabalho, no sentido da construção de algo, e não no sentido de auferir ganho salarial. Primeiramente, todo dia você trabalha. Pense bem. Portanto, no casamento, você precisa trabalhar todo dia para a construção de algo comum, e não DE SUAS OBRAS PARA SI MESMO. Tal comportamento é conhecido popularmente por egoísmo. Isto não é amar.

AMAR É AÇÃO, E NÃO SENTIMENTO

Se amar fosse sentimento, TODO CASAMENTO ACABARIA AOS DOIS ANOS DE CONVIVÊNCIA.

E como ação, ambos devem se procurar, para conversar, para partilhar (mostrar as impressões que está tendo) o dia a dia, para que ambos sejam espectadores um da vida do outro, e cuidarem das múltiplas obrigações mútuas, como contas, alegrias, tristezas, etc.  O amor do casamento é como o trabalho. Mas tem gente que quer fazer dele uma coisa muito cor de rosa, cheio de romantismo. Ele tem romantismo, tem trabalho, tem descanso, tem alegria e tem tristezas.

A submissão do ego

A vida em comum implica em ABRIR MÃO de hobbies e hábitos, nem que seja POR UM TEMPO. Os filhos são a motivação para tal coisa. Se um ou outro, ou ambos persistem em querer as coisas DO SEU JEITO, não passam de um CASAL DE SOLTEIROS.

A submissão do ego vem através das cobranças diárias. Até Deus, o supremo, que tudo conhece, sabe que somos fracos, nos cobra. Pai e mãe cobram. Esposa cobra de marido, e este da esposa. O chefe cobra de nós. Nós cobramos de quem nos serve nas padarias, mercearias, concessionárias de telecomunicações, etc.

Mas tem gente que quer ser totalmente livre, e que suas opiniões prevaleçam.

Perguntamos:

PARA QUE ?

Aonde chega este que quer ser IMPERADOR DE SUA PRÓPRIA VIDA ? O homem comum acredita ser o dono de sua própria vida, mas não sabe o que vai encontrar na próxima esquina. Ele acha que escolhe, mas pode ser que o outro o escolheu.

O gosto pela liberdade absoluta é inimigo do convívio com o outro. A Liberdade é uma PRISÃO DENTRO DA SOLIDÃO.

Abrir mão - O caso do avô com a avó

Em meio à acalorada discussão, um de nós conta a seguinte história:

O garoto ia almoçar com o avô e com a avó. A avó dizia pro marido comer mostarda, enquanto colocava porções generosas da mesma no prato do avô do menino. O menino então pergunta ao avô:

"Por que o senhor deixou a vovó colocar mostarda no seu prato, se o senhor não gosta ?"

E o sábio avô responde:

"Eu não gosto de mostarda, mas gosto da sua avó."

Este é o claro caso de duas pessoas envolvidas em um relacionamento de companheirismo, onde ambos se conhecem bem. Um faz um ato que está acostumado (a avó) e o outro sabe deste ritual diário (o avô) e não se incomoda, pois está acostumado. E mais, submete-se a algo de que não gosta muito (e que não o agride, afinal comer algo de que não se gosta é até tolerável), pois é capaz de submeter seus gostos a um controle racional.

Um caso que envolve avô e avó já traz consigo o elemento da idade e da maturidade. Que bom o amor e a convivência de pessoas mais velhas. O jovem é esbaforido, audacioso, precipitado e ansioso. Quer Tudo e Agora.

Previsibilidade

O conhecimento da maturidade entre o casal produz a confortante sensação de PREVISIBILIDADE. Mal um abre a boca e o outro já sabe o que ele vai falar. Diante de uma situação de tensão um sabe o que o outro vai fazer. Quando a previsibilidade some, o desentendimento está próximo. Para consertá-lo, só o Perdão.

Conclusão

O amor é uma relação em que existe o desentendimento controlado, com um grande coeficiente de Previsibilidade. Previsibilidade é juízo, é equilíbno e com a maturidade é garantia da possibilidade de convivência.

sábado, 16 de abril de 2011

Namoro não é treino para casamento

Quando dois se conhecem, cada um ouve o conselho:

Vê se conhece direitinho a moça/rapaz, a família dele/dela, prá você ter uma idéia.

Sim, isto conta, mas apenas em dez por cento, ou menos. Quando um indivíduo é (1) tirado do convívio da família e (2) colocado em convívio íntimo com um parceiro, as possibilidades de ruptura em (1) e de interação em (2) são infinitas.

A ruptura

Ao sair de casa, a pessoa sofre uma ruptura dos seus apoios, como um dente ainda sadio arrancado da boca. Mesmo que se diga que o indivíduo já está maduro e com a personalidade formada, ele está em interação com "músculos do útero materno". A casa é extensão do útero da mulher, ou segundo útero.

Quando a mulher sai da casa paterna, ela cai em uma nova casa, sob a convivência com um "novo pai". E quanto ao homem, cai num novo útero, aquele que é extensão do útero daquela que dará à luz o seu filho com esta.

A nova interação

E então, na nova casa, a convivência vai começar do zero. Os dois se conhecem ligados à família. Agora os dois estarão desligados de suas famílias. Não são mais só beijos e abraços e saídas com a volta para cada casa no fim do dia, e sim a volta para uma mesma casa. Não existe ninguém para dizer "faça isto" ou "faça aquilo". Agora eles é que tem que mandar em sí próprios.

Enganos

Existem pessoas que se casam porque gostam da família do outro. Estes estão procurando um novo lar materno, e não uma companheira. Outros procuram uma nova mãe, e outras procuram um novo pai. É uma concretização do dito popular:

É preciso que as coisas mudem, para que permaneçam exatamente as mesmas.

Conclusão

Namoro não serve nem como introdução, assim como noivado, para a nova vida. Por isto devemos deixar que Deus decida, e para isto é preciso prestar a atenção. A vida dá sinais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Truque da natureza para preservar a espécie

Sem ajuda de leis naturais, talvez fosse improvável ou pouco factível que homem e mulher se entendessem. Os gostos e metas são diferentes. Um quer o outro, mas grande parte das vezes que se encontram são como dois imãs de mesma polaridade que se repelem. Devem haver leis por detrás disto.

Identidade

Duas cabeças são duas sentenças. Indiferentemente de sexo, quando duas pessoas se encontram elas podem divergir em suas opiniões, pois foram criadas por pessoas diferentes em lugares diferentes. Mesmo os irmãos apresentam personalidades distintas.

Querer e desejo

É preciso QUERER.

Reescrevendo, temos:

É preciso um QUERER que nada tem a ver com desejo.

Reescrevendo para o casal:

É preciso dois QUEREREM que nada tenha a ver com desejo.

Reescrevendo dentro da natureza humana:

É preciso dois QUEREREM que tenha menos desejo e mais QUERER.

Hormônios, cuidado com eles

Desejo é hormônio, é taquicardia, é desespero, é compulsão. Se você se sente assim, afaste-se de quem assim o faz sentir. Cuidado, pois paixões e crimes fazem um sanduíche indigesto. Lembre-se de que existem muitas pessoas no mundo, e muitos encontros, muitas ruas, muitos parques, muitos shows, muitas árvores e muitos solitários.

Hormônios moldam seu corpo, mas não devem esculpir seu caráter. Seu caráter é esculpido por um número de NÃOs cinco ou dez vezes superior ao número de SIMs. Sem SIM também ficamos doentes. Seu caráter é formado por experiências de se dar ao invés de posturas passivas de receber. Seu caráter é reforçado por negar aquilo que não tem a mínima condição de fazer e por afirmar aquele erro que você cometeu.

Os hormônios só dizem "vai". A consciência é aquela que diz "pense antes de ir". A ousadia é aquela que diz "vai", depois de ter consultado a consciência e esta dizer "pode ir".

domingo, 20 de março de 2011

Casar para sair de casa

Nos anos 70 (anos de chumbo) a autoridade dos pais sobre os filhos, em nosso país, era muito maior. A voz do pai no lar era pesada e exigia que as coisas andassem sob seu absoluto controle, com alguns excessos, pois o ser humano não é perfeito.

Principalmente as donzelas eram oprimidas de uma forma intolerável. Sendo treinadas para o casamento e as lides caseiras, até as profissões que iriam escolher seguiam uma orientação preconceituosa: professora, psicóloga, pedagoga, enfermeira e talvez médica. Mulher engenheira, advogada, economista era quase uma agressão ao império machista.

Havia, então, sob a orientação da mulher para a carreira do lar, a justificativa para uma fuga da opressão do pai: o casamento. Sob esta ótica, o primeiro que aparecesse, mesmo sendo um "bundão", um molenga, servia. O importante era fugir do controle do pai. Certas vezes o jugo do pai era substituído pelo do marido, e se a mulher se rebelasse, ia se unir à legião das separadas que logo depois se formou.

Este estratagema é mais uma demonstração do princípio que orienta a arte marcial do judô. No judô se diz que aproveita-se a força do adversário para derrubá-lo. No caso que estamos falando, a filha usava a opressão e a orientação do pai para o casamento para justamente correr para o casamento, e do pai se livrar.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Quando dois são um

Para não ser tendencioso, vamos explicar como dois são um através da amizade.

A amizade reúne duas pessoas (sem distinção de sexo) que passam seus momentos de lazer ou dificuldade juntos, mesmo pensando diferente. Nos momentos de dificuldade, e até nos de lazer, são duas cabeças pensando em harmonia. Até na hora da escolha de um prato no restaurante, um cede para o outro em um momento, para em outra ocasião inverterem os papéis.

Os seres humanos tem a tendência natural de se encontrarem, de se olharem, de se ajudarem. As tendências opostas surgem de desvios de educação e conduta, que vão colocar certos indivíduos em uma situação em que não poderão arranjar amigos, pois sua identidade já foi excessivamente prejudicada pelos seus vícios, obsessões e estratégias de falsidade.

No entanto, o próximos contexto exigido para um casamento não foi ainda atingido por nenhuma amizade: o morar junto. Este quadro supera qualquer outro semelhante em termos de convivência. Entra em jogo o espaço e a virtude do ser humano de ceder.

Artistas de novelas televisivas, infelizmente mais respeitados do que profissionais competentes de psicologia, contaminaram a população que não sabe pensar com a própria cabeça com frases como:

Eu não admito ninguém no meu espaço

ou

Eu preciso ter o meu próprio espaço

E a maior parte da população embarcou nesta canoa furada, com perigo para a sociedade, produzindo uma legião de egoístas e problemáticos, solteirões e toda a espécie de desocupados.

Fusão

O casamento é uma síntese de personalidades e decisões. Existe, em relação ao ser humano, a exigência de se tornar melhor, de reforçar seu caráter, de ter suas opiniões, e de tolerar as pessoas, principalmente aquelas que escolheu para viver do lado, com perspectivas de um futuro. Todas as veleidades, orgulho e instransigência da primeira fase adulta tem que ser trabalhadas, não só para viver a dois, mas para viver no mundo dos encontros pessoais.

Dizer que:

No começo era bom, agora ficou ruim

Esconde a face de uso do corpo do outro. Ficou ruim, cansou de sexo ou cansou de sexo com o parceiro. Mulher ou homem não é um instrumento, um dispositivo, um bem de uso.

O melhor é viver em casas separadas

Muito fácil. No entanto, não apresenta possibilidades de crescimento nenhum. E os filhos ? Vão viver ora numa casa e ora em outra ? Será que tais pessoas não podem lidar com semelhantes a si próprios ? Se não se pode viver

Bom mesmo é namorar, encontrar de vez em quando e sentir saudades

Um técnico de futebol disse certa vez: "Treino é treino, jogo é jogo". Mas no contexto de casamento, namoro não é nem treino. É preciso compartilhar do mesmo espaço, dos filhos, das contas, das alegrias, das tristezas, do mau-hálito, do bom-hálito, consolar, regozijar-se com o outro.

Eu não o/a amo mais.

Amor muda ? O Amor muda com o tempo ? Então que ninguém se case. E o amor pelos filhos, acaba ? Se acaba, como é que nossos pais, se vivos, ainda nos amam ? E olha que as crianças são muito mais "chatas" que adultos.

Acabou a paixão.

É mesmo, que bom, pois agora você vai poder usufruir da realidade e vencer seus desafios, porque ninguém nunca está pronto, a não ser que esteja morto.

O outro

O outro é como um remédio. Este é o melhor conceito, provado por experiências com pacientes em convalescença de doenças até graves. Com o outro se aprende a tolerância, a regulação de nossos anseios, apetites, agressividade e até amor. Não se pode dizer que se ama sem um objeto direto. Para amar é preciso um outro, e bicho não serve. Tem que ser um animal semelhante à nós (e macaco também não serve).

O outro é como um espelho que fala. O espelho normal só dá o nosso reflexo para nós mesmos, e somos sempre os mais despreparados para uma auto-crítica. Já o outro não possui a nossa própria vaidade e fica livre para criticar

O outro diz quando estamos exagerando em alguma coisa, quando não estamos atendendo direito, quando não estamos ajudando e etc.

Alguns dizem que nasceram sozinhos. Pense bem. No mínimo esta pessoa nasceu com a companhia de uma mãe, pois somente delas podem vir os filhos. Já nascemos com uma companhia. Antes da concepção somos acompanhados por 250 milhões de companheiros espermatozóides.

Dois em um

Bem foi colocado pela tradição cristã, que "marido e mulher formam uma só carne". E sabe por que ? Porque quando um sofre, os dois sofrem. Quando um se alegra, os dois se alegram. Quando dois se unem surge um ou mais frutos: os filhos. E se não surgirem, que os dois andem juntos para dar como fruto o seu exemplo de amor.

Casais com um certo tempo de convivência experimentam momentos em que um já sabe exatamente o que o outro vai falar e mesmo não aprovando, o apoiam, pois são um só corpo.

A separação interessa à sociedade industrial

Este problema se resume a uma simples aritmética. O casal se separa. Cada um vai morar no seu próprio domicílio. Cada domicílio tem seus eletrodomésticos.

domingo, 13 de março de 2011

Existe idade para casar ?

Se casamento exige maturidade, podemos permitir que pessoas muito novas se casem ?

Existe idade para tudo. Infância, adolescência, maioridade são fases bem definidas. Como permitir o casamento de indivíduos na adolescência ? E atingida a maioridade, o indivíduo estaria pronto para casar ?

Não tem cabimento. Está provado pelos numerosos casos existentes que a maior parte dos casais bem jovens se separa com poucos ou muitos anos de casados, e TODOS proferem a frase "rasgada":

Eu casei muito novo

Ora, existem muitos exemplos perto de nós. Será que não adianta falar na cabeça destas pessoas ? Será que todo mundo precisa experimentar o erro ?

Existe muito mais do que uma experimentação. A idade poderia resolver a maior parte dos casos. Pelos nossos cálculos, ninguém poderia casar antes dos 30 anos. É por volta desta idade que a adolescência tardia de muitos já está encerrada, o indivíduo já está trabalhando já teve experiências capazes de lhe mostrar grande parte de seus potenciais e de suas fraquezas.

Defendendo o casamento - I

Para defender o casamento, precisamos conhecer os seus inimigos conceituais e os inimigos espirituais. Os inimigos conceituais são falsos princípios filosóficos, chacotas e teses consumistas que atacam o casamento. Os espirituais são aqueles que vêem no homem unido à mulher um algo difícil de combater. Cada um destes tópicos serão tratados em posts separados.

Os espertinhos, para quem é conveniente desacreditar o casamento, criaram a frase:

O casamento é uma instituição desgastada.

Pergunto então:

Se para ser médico, engenheiro, advogado, motorista e outros é preciso fazer curso, por que não é exigido um curso para noivos que vão se casar ?

Não é o casamento mais importante do que uma profissão ?

Não é o casamento que fornece à sociedade os cidadãos de que ela vai se servir ?

Não é o casamento que move o consumo industrial ?

Sugiro ao leitor que pense nisto, até os próximos posts. E aviso que vou pegar pesado.