domingo, 20 de março de 2011

Casar para sair de casa

Nos anos 70 (anos de chumbo) a autoridade dos pais sobre os filhos, em nosso país, era muito maior. A voz do pai no lar era pesada e exigia que as coisas andassem sob seu absoluto controle, com alguns excessos, pois o ser humano não é perfeito.

Principalmente as donzelas eram oprimidas de uma forma intolerável. Sendo treinadas para o casamento e as lides caseiras, até as profissões que iriam escolher seguiam uma orientação preconceituosa: professora, psicóloga, pedagoga, enfermeira e talvez médica. Mulher engenheira, advogada, economista era quase uma agressão ao império machista.

Havia, então, sob a orientação da mulher para a carreira do lar, a justificativa para uma fuga da opressão do pai: o casamento. Sob esta ótica, o primeiro que aparecesse, mesmo sendo um "bundão", um molenga, servia. O importante era fugir do controle do pai. Certas vezes o jugo do pai era substituído pelo do marido, e se a mulher se rebelasse, ia se unir à legião das separadas que logo depois se formou.

Este estratagema é mais uma demonstração do princípio que orienta a arte marcial do judô. No judô se diz que aproveita-se a força do adversário para derrubá-lo. No caso que estamos falando, a filha usava a opressão e a orientação do pai para o casamento para justamente correr para o casamento, e do pai se livrar.


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